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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Retrato


Às vezes precisamos de alguém que faça sentirmo-nos vivos, aliás, mais vivos. Mas o que fazer se essa pessoa não aparece? Transformamo-la num retrato vazio onde qualquer pessoa possa encaixar-se e moldar-se conforme a sintonia. A sintonia nem sempre é como esperamos e, continuamos esperando, seja sentado na calçada ao pôr do sol, seja numa festa com uma bebida na mão, causando para que alguém nos note. Ninguém nota, no outro dia, todos notam. Todos nos deixam loucos, excitados demais, loucos demais, e voltamos a não querer mais nenhum, pois todos são demais, são completamente iguais, e não se moldam sob nosso retrato. Em algum momento desse abismo, precisamos fugir daqui, pois nossa cabeça quer voar, imaginar, ir mais além, buscar o que nunca foi encontrado antes e então encontramos uma única pessoa que, sabe sei lá, se pertence ao mesmo mundo, se daria para moldá-la em nosso retrato, mas é aquela pessoa que, mesmo não sabendo que existimos, acordamos com um sorriso no rosto, esperando que em alguma manhã, seja de primavera, ou qualquer outra estação, possamos entregá-lo a ela. Um sorriso e um beijo. É tudo desenhado, tudo fantástico demais, tudo um sonho demais. Mas que não deixemos de sonhar, pois se em algum lugar dentro de seu próprio abismo, tiver uma única pessoa que te faça acordar, te faça criar coragem e expectativas para viver, não a tire de sua vida, pois algum dia ela ficará sabendo que foi importante para alguém que ela jamais esperava que fosse. Se fizer alguma diferença, melhor será, se não fizer, pelo menos foi vivido e alcançado um ponto na vida, com um propósito de ser alguém, e sendo alguém, todos os retratos vazios tornam-se preenchidos.

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