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quinta-feira, 2 de agosto de 2012


Lembro-me do cigarro entre os dedos dela. Aqueles dedos pequenos e delicados trazendo e levando o fumo até a boca. E então ela puxava, tragava e soltava. Essas simplicidades poderiam ter poupado minha mente, poderiam sim ter passado despercebidas. Assim, minhas lembranças no momento, seriam outras. E não digo “outras”, pensando na forma sensual quando ela empina aquela bunda ao dormirmos de conchinha, e nem no som que sai da boca dela quando está sentindo aqueles milhões de coisas. Claro que me recordo. Lembro-me de cada detalhe e poderia ficar delirando de tesão só em lembrar. Mas isso não é tudo. O tudo é mais complexo que uma pegada, ou, uma boa pegada. É a forma com que ela caminha, a forma com que ela sorri, a forma com que ela coloca a roupa. Sei que é estranho me pegar assim, nesse exato momento, na situação em que me encontro, pensando nessas coisinhas. Parece paixonite aguda de primário. Mas não. Nem ao menos sei o que é isso. Pode ser bobeira, perda de tempo, ou pode ser um prêmio melhor do que quando a mega sena acumula nos 100 milhões. Vamos ver. Não estou pensando em nada relacionado a sentimentalismo. Estou fora de alcance, penso eu. Apesar que não seria má idéia. Gostar, não gostar. Apegar, não apegar. Tanto faz. O negócio é curtir enquanto está bom. A confiança está fora de rota, por enquanto. Uma coisa boa é me ver pensando em alguém assim, dessa forma. O lado ruim dessa coisa boa, é que não sei qual o sentido disso tudo. Às vezes é ótimo, às vezes razoável, e às vezes... é só às vezes. Não to afim de pensar em futuro. Não quero. Não to afim de te broxar, depois de uma longa noite de amor, com comentários estúpidos “na virada do ano quero que passe comigo assistindo os fogos de NY, eu banco tudo, só quero que me acompanhe”. Já digo que não seria má idéia. Mas tem muito chão pra rolar. Se estou aqui, no dia dois de agosto, posso lhe informar que não sei absolutamente nada sobre onde estarei daqui uma semana. Posso desistir de tudo, pular fora do barco que acabei de entrar, nadar, quase me afogar, mas voltar pro lugar de onde saí. Você pode fazer exatamente o mesmo. Tanto faz, pode acontecer tantas coisas que não afirmo nada. Apenas curto. O momento é bom. Tenho ciúmes de você mas prefiro não comentar. É cedo. Ambas passamos por furacões que deixaram o nosso psicológico todo bagunçado. Sentir ciúmes me faz ficar mais bagunçada ainda. E quanto a esse tal de “é cedo”, não sei. Cedo, tarde, certo, errado, quem sabe? O tempo por acaso sabe o que é bom para nós? Deixar o tempo cuidar disso... Nós é quem devemos cuidar disso, e não o tempo. Mas que porra de pensamento. Cedo ou tarde, nós deveríamos criar um vínculo diferente para conversarmos. Aí me vem na cabeça a tal da frase “time doesn’t exist. Clocks exist”. O que você tem a dizer sobre isso? Não fala nada... Por favor.