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terça-feira, 27 de setembro de 2011


A dureza que a rocha traz em si, é imensa e, ao toque, parece inquebrável, indestrutível. Sua casca grossa não nos dá a impressão de que um dia possamos atravessá-la e chegar até o meio, como um palito possa cravar na carne. A única parte que possamos ver, a olho nu, é demasiadamente forte e, por isso mesmo, a vontade de chegar ao meio, é cada vez maior. Não existe apenas aquilo que possamos olhar e sentir com um olhar, mas sentir sem olhar, sentir a imensidão que há dentro dela, dentro da história dela, e querer contornar cada centímetro de suas curvas.
Imagino ali, nesse corpo sério, corpo quieto – inquieto é o meu -, o que existe por detrás dessas sombras gloriosamente penetrantes à pele, se existe uma imensidão. Deve existir, pois nada que é vivo é apenas um pedaço de carne que um palito é capaz de furar. O palito não fura, pois a vibração do corpo é forte e, aos meus olhos, inquebrável e indestrutível. Existem mil e uma maneiras de se atravessar, mas, apenas uma conseguirá chegar ao meio, bem ao meio. As outras maneiras atravessarão e encontrarão nada mais e nada menos que suas próprias histórias mal contadas. A seriedade juntamente com o mistério, faz tornar-se o momento ainda mais poético, apesar de que de poesia, isso não tem nada.
Pedir se eu quero encontrar essa maneira, é pedir demais. Eu não sei, desconheço essa pergunta e essa resposta, e nem ao menos toquei para saber se quero ir mais adiante. Mas segundo meus olhos, eu preciso observar mais, preciso ir além, contornar com olhares cada curva desconhecida, e deixar com que o toque faça o resto. Não sei se isso adianta, mas sobre você, não digo muita coisa. Essa dureza toda deixa qualquer mulher louca, e essa minha fraqueza encantada de mocinha, me deixa mais louca ainda. Se algum dia, por via das dúvidas, eu te encontrar por aí, e teu olhar quiser olhar meu olhar, que olhe pra devorar, pra penetrar. Um olhar qualquer eu não aceito, já que olho por olho somos indestrutíveis, que sejamos destrutíveis só depois que isso acontecer.

domingo, 25 de setembro de 2011

Sobre ser, saber e sentir


Eu que sei ou que não sei, eu que sinto ou que não sei se sinto. Mas num paralelo constante entre o sentir – se sentir num mundo de atrações que já não sei mais identificar de que se trata, sinto que não sei. Costumava saber sentir quando minha mente era brilhante, hoje em dia só existe uma mente dentro de um corpo que não sabe se cai ou se fica em pé. Permaneço em pé, por enquanto, ando no meu caminho sempre entortando as linhas, tropeçando nos meus próprios pés, mas não caio. Tá. Cheguei a cair algumas vezes e, apesar desses tombos, não senti, ou não lembro se no momento do tombo eu senti alguma coisa. É estranho, pois eu costumava lembrar esses momentos, costumava lembrar tudo e, costumava sentir tudo. Hoje esqueço momentos da minha vida a qual não gostaria de lembrar, e acho estranho, pois como posso ser eu assim tão fria? Eu sei que não sinto e eu sinto que não sei. Que deprimente. E a culpa disso tudo é inteiramente minha, eu sei. Mas você faz uma forcinha para que a culpa pareça ser só minha. E você aí do outro lado também. Não sei se é certo, se estou tentando fugir de algo que me atormentou por muito tempo (se me atormentou e me atormenta ainda, não sinto, ou não quero sentir), mas fique por perto, bem perto. Se não for bem perto, que fique bem longe, pois algo que está em cima do muro, já não sei gostar não, e aí vou saber que sobre isso tudo, não vou mais querer sentir nada não. Não sou a única a sentir essa reviravolta dos infernos por dentro, mas dentro de mim sou a única, apesar de ter uma constante guerra acontecendo. E sou a única desse mundo, isso eu sei, sou a única EU. E disso eu sinto, eu sei, eu tenho certeza!

domingo, 4 de setembro de 2011

Eu estou tão triste, pois nunca fui boa em nada. Ou melhor, tão boa. Nunca fui tão boa quanto ela. Ela é amável, tem olhos claros, é perfeitinha, meiga, carinhosa, delicada, enquanto o que sobra para mim, são montes e montes de palavras pesadas, pedras nas mãos, cabelo bagunçado, bebida na cabeça e nicotina nas veias. Nunca fui notável, ela sim. Agora, preciso beber pra causar, preciso beber pra esquecer todas as marcas deixadas pela vida. Os buracos dos meus dias preenchem-se com a bebida, mas depois que a ressaca passa, vejo que os buracos ainda encontram-se ali.
Aí eu não lembro de ontem, não lembro de semana passada, e certamente não lembrarei de hoje e nem de semana que vem. Não lembrarei pois a bebida entrou na minha vida e permaneceu, o cigarro também. Passo um dia sem ter ele em meus dedos, meu corpo me diz que está entrando em estado de calamidade pública. O que é que está acontecendo comigo? Eu não sei, pois não sou boa em lembrar das coisas. O único jeito é uma cerveja em minha mão trêmula e um cigarro entre os dedos da outra mão. Amigos por perto, pois são sempre eles que estão ali pra me salvar. E a salvação divina, não existe. Se estou apressando minha morte, que assim seja, o destino pregou isso. Vamos rir, pois todos temos cheiro de álcool, vamos sorrir, pois a vida é engraçada, e vamos caminhar, mesmo que tenhamos que cair no chão e aprender a levantar por conta própria, várias vezes. Enquanto ela, continuará bonitinha, rostinho de boneca de porcelana, olhos claros, cabelo liso, bem cuidado, mas continuará bonitinha por pouco tempo, ninguém é preservado como tal qual, com toda a certeza, terei mais histórias pra contar do que ela, e me orgulho por viver mais.