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domingo, 4 de setembro de 2011

Eu estou tão triste, pois nunca fui boa em nada. Ou melhor, tão boa. Nunca fui tão boa quanto ela. Ela é amável, tem olhos claros, é perfeitinha, meiga, carinhosa, delicada, enquanto o que sobra para mim, são montes e montes de palavras pesadas, pedras nas mãos, cabelo bagunçado, bebida na cabeça e nicotina nas veias. Nunca fui notável, ela sim. Agora, preciso beber pra causar, preciso beber pra esquecer todas as marcas deixadas pela vida. Os buracos dos meus dias preenchem-se com a bebida, mas depois que a ressaca passa, vejo que os buracos ainda encontram-se ali.
Aí eu não lembro de ontem, não lembro de semana passada, e certamente não lembrarei de hoje e nem de semana que vem. Não lembrarei pois a bebida entrou na minha vida e permaneceu, o cigarro também. Passo um dia sem ter ele em meus dedos, meu corpo me diz que está entrando em estado de calamidade pública. O que é que está acontecendo comigo? Eu não sei, pois não sou boa em lembrar das coisas. O único jeito é uma cerveja em minha mão trêmula e um cigarro entre os dedos da outra mão. Amigos por perto, pois são sempre eles que estão ali pra me salvar. E a salvação divina, não existe. Se estou apressando minha morte, que assim seja, o destino pregou isso. Vamos rir, pois todos temos cheiro de álcool, vamos sorrir, pois a vida é engraçada, e vamos caminhar, mesmo que tenhamos que cair no chão e aprender a levantar por conta própria, várias vezes. Enquanto ela, continuará bonitinha, rostinho de boneca de porcelana, olhos claros, cabelo liso, bem cuidado, mas continuará bonitinha por pouco tempo, ninguém é preservado como tal qual, com toda a certeza, terei mais histórias pra contar do que ela, e me orgulho por viver mais.

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