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sábado, 15 de outubro de 2011


Eu sabia que iria acordar de ressaca mais uma vez e, além da ressaca, uma grande culpa por carregar um sentimento por você. Sabia que ganharia um chá de sumiço, por que diabos ainda insisto? Por que diabos ainda penso que alguém nessa vida se importa comigo? Se já é ruim acordar de ressaca, imagina acordar de ressaca e chorar por estar de ressaca e por me importar com você, eu realmente queria ter aprendido a não me deixar levar pelos sentimentos, queria ter arrancado o meu coração faz tempo. Mas por que diabos comigo? Eu devo mesmo ser um para-raio para malucos, como ouvi outro dia. Não é só porque eu bebo e faço merda que eu seja uma maluca, mas ontem eu bebi por sua causa, porque você sumiu e me deixou mais uma vez pensando que essa bola gigante de sentimentos, cairia sobre mim com tanta força que me detonaria, e no final isso vai acabar acontecendo, porque você é igualzinho e todos. Eu tentarei ligar o foda-se, tentarei enxugar minhas lágrimas, tentarei achar alguma coisa boa em mim, dentro de mim, e não me importar mais, nem com você e nem com ninguém. Porque assim como eu, todos somos lixos, todos somos seres pútridos e não merecemos nada de bom. E se há alguma parte boa em mim, ainda, não será a você que entregarei.

Controle suas lágrimas, minha jovem. Depois que a primeira cai, as outras se tornam partes inseparáveis do seu rosto. Controle suas lágrimas, seja forte, seja gloriosa e não deixe se levar por ninguém, pois ainda há algo de bom dentro de você, basta encontrar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Primavera


O que me invade e me acalma é teu cheiro doce. Ah!, que cheiro de liberdade, que liberdade gostosa de sentir. Gosto das tuas asas, eu as queria em mim por um momento, para viajar nesse teu cheiro de olhos fechados, apenas sentindo a calmaria suave e sensível. Mas como tuas asas são só tuas, fecho os olhos assim mesmo, e imagino-me voando por aí. Quanta calmaria. Querendo ou não, teu cheiro é o mais suave e devorador. Certamente não há combinação mais perfeita que esse cheiro que emana das flores que veste o tempo e acaricia o vento.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Retrato


Às vezes precisamos de alguém que faça sentirmo-nos vivos, aliás, mais vivos. Mas o que fazer se essa pessoa não aparece? Transformamo-la num retrato vazio onde qualquer pessoa possa encaixar-se e moldar-se conforme a sintonia. A sintonia nem sempre é como esperamos e, continuamos esperando, seja sentado na calçada ao pôr do sol, seja numa festa com uma bebida na mão, causando para que alguém nos note. Ninguém nota, no outro dia, todos notam. Todos nos deixam loucos, excitados demais, loucos demais, e voltamos a não querer mais nenhum, pois todos são demais, são completamente iguais, e não se moldam sob nosso retrato. Em algum momento desse abismo, precisamos fugir daqui, pois nossa cabeça quer voar, imaginar, ir mais além, buscar o que nunca foi encontrado antes e então encontramos uma única pessoa que, sabe sei lá, se pertence ao mesmo mundo, se daria para moldá-la em nosso retrato, mas é aquela pessoa que, mesmo não sabendo que existimos, acordamos com um sorriso no rosto, esperando que em alguma manhã, seja de primavera, ou qualquer outra estação, possamos entregá-lo a ela. Um sorriso e um beijo. É tudo desenhado, tudo fantástico demais, tudo um sonho demais. Mas que não deixemos de sonhar, pois se em algum lugar dentro de seu próprio abismo, tiver uma única pessoa que te faça acordar, te faça criar coragem e expectativas para viver, não a tire de sua vida, pois algum dia ela ficará sabendo que foi importante para alguém que ela jamais esperava que fosse. Se fizer alguma diferença, melhor será, se não fizer, pelo menos foi vivido e alcançado um ponto na vida, com um propósito de ser alguém, e sendo alguém, todos os retratos vazios tornam-se preenchidos.