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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eu guardei um pedaço do meu caminho para ti. Mas por enquanto, ando junto contigo, pelo teu.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Algo sobre nós


Estamos quites. Penso eu.

Foi exatamente aquele jeito entre delicadeza e agressividade que me prendeu. Mas, ao contrário do que você pensa, eu não me rendi. Continuo intacto aqui, observando-a entre um gole e outro de café. Aqueles passos firmes e certos a que ela usa em seu caminhar, faz aguçar ainda mais a minha vontade de segui-la. Ela sabe. Eu gosto de estar a alguns passos atrás daquele belo traseiro. Não por isso, não por ele. Mas claro, dá um up no visual.
Então ela solta o rabo de cavalo e balança a cabeça, fazendo a cabeleira toda esvoaçar contra o vento. Eu gosto. A minha vontade, toda vez que ela faz isso, é colocar minha mão sob aqueles fios lisos e macios, e puxá-los, fazendo com que ela dê passos para trás, deixando seu corpo colar contra o meu. Mas não. Deixo-a caminhar com mais pressa, mais vontade de fugir de mim.
Deixo-a, pois sei que uma hora ela cansa desse drama todo. Então ela para. Espera eu chegar ao lado dela. Não vira, não me olha, continua andando. Ela espera eu falar alguma coisa, mas não falo. Já disse que não sou de me render, e também não sou desse tipo de cara que larga as cartas na mesa, entregando o jogo. Sim, sou estúpido do meu jeito. Mas aquela cretina gosta.
Continuamos nessa caminhada sem rumo. Um ao lado do outro. Silêncio. De repente ela para. Paro junto, para não perder o costume de estar ao lado de uma mulher pela qual me fisgou. Olho nos olhos dela, já que sei que nesses momentos ela costuma se arrepiar. Triste, mas, mais uma vez, ela me pede para parar de fazer aquilo com ela. E o que diabos eu faço? Me pergunto. Aquela doida sabe que não faço nada além de caminhar ao seu lado ou atrás. Nunca tento passar na frente. Ela sabe tão bem quanto qualquer pessoa que nos enxerga por fora. Aquela grosseria toda de quando ela fica irritada que, consigo traz um monte de xingamentos, me deixa atordoado. Enfureço por alguns segundos, mas é coisa do momento. Aprendi que com essa garota eu preciso é manter a minha calma.
Sim, ela poderia ter sido mais uma das garotinhas de um dia da minha vida. Porra! Por que diabos não foi? Gosta de ser uma maluca sequelada pela qual insistiu em ficar na minha vida. E quando ela faz birra, não tem nenhum pingo de noção da tentação que sinto em tê-la nos meus braços, só para mim...
Então ela pede para que eu pare, para que eu a deixe livre. Mas como? Eu nunca tentei a prender de nada, nunca cogitei sobre colocar regras e limites em seu caminho. Aí ela comenta algo do tipo “se você quiser continuar andando pelo mesmo caminho que eu, pelo menos que segure minha mão, para não mais soltar”. Mas pra que isso? Se sabemos qual a situação entre nós, não vejo motivo nenhum em ter que escangalhar para o mundo todo aquilo.
Ela berra, grita, resmunga, me enche de tapas, xingamentos, diz que não me quer mais em sua vida se não for do jeito dela. Eu não falo absolutamente nada, pois de todas as coisas que ela fala, recuando-se de mim, ela nunca citou nenhuma delas olhando em meus olhos. Sei que está mentindo. Por isso fico. Justamente porque gosto, e porque sei que ela gosta também.
Um pouco sobre nós. Um caminho confuso. Dois estranhos, dois abusados que acabaram se apaixonando no meio de um acidente. E já que somos tudo isso e mais um pouco, tenho certeza de que nessa nossa historia estamos quites, sobre qualquer coisa.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Viva sua vida comigo, mas sem mim



Ele passa a mão em minhas costas como se nada tivesse acontecido. Coisa de momento. Esfrega meu cabelo naqueles dedos rebeldes, depois disso, passa-os sobre meu rosto. Não gosto. Ou gosto. Mas não gosto disso naquele tempo. Não é hora para aquilo. É hora para me despedir. Sim. Sentiu certo. Me despedir, seja com um gesto, com um abraço, com um aperto de mão. Seja com um adeus, sendo dito, ou sendo silenciado por um curto momento entre olhares. Não me olha assim, fico encabulada. Quando você dirige esse seu olhar devorador bem diante do meu, não me controlo, e sei, tenho certeza de que, nesse momento, o que mais preciso fazer é me controlar. Me pergunto: por que? Não sei. Não quero mais delongas pensando em respostas para perguntas que volta e meia surgem em minha cabeça. Só não quero mais complicar. Quero paz. Quero sossego. Quero meu mundo apenas para mim. Se bem que era bom quando dividíamos tudo. Mas não. Quero ser egoísta uma vez na vida e guardar as trufas de nozes apenas para mim. Ouvir minhas músicas e decifrá-las como músicas de minha essência, e não de alguma coisa que, sabe sei lá, me faz lembrar de você. Volta e meia lembrarei. Claro. Mas agora não. Peço que pare de tentar me puxar para seu lado. Pare de querer me guiar para seu caminho, ele não me pertence mais, e já me dei conta disso faz tempo. Viva sua vida comigo, mas sem mim. Sem me necessitar, sem precisar passar a mão em minhas costas, encostar seus lábios carnudos nos meus, pedir para que eu tire toda a roupa antes de dormir, pois sentir meu corpo no seu é mais saboroso, gostoso. Você já não precisa mais disso tudo, não vindo de mim. Portanto aceite, respeite. Coloque sua mão no bolso. Feche seus olhos, sinta a brisa em seu rosto, conte até dez. Já que dez são os motivos em que continuo te amando, mas existem duas vezes mais motivos para que minha escolha seja essa, sair com um adeus qualquer, entre essa contagem, entre um ou outro piscar, para que eu não me perca bem no meio do seu olhar, mais uma vez.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Há alguma coisa aqui

And I know you feel it too. I know you love me to an extent, but will you ever love me like I love you?
Are these kisses just a fond memory that’ll fade and our time together just a phase? 
Why am I so sure of you while you just see me as temporary right now? 

I’m scared. I can’t even offer you my heart, you already have it. 
You’ll either love me with all of your heart or not.
I’m not digging these odds. Not one bit.

Nostalgia


Eu ainda estou aqui, no mesmo lugar de antes, com os mesmos cigarros, com o mesmo cheiro, com o mesmo sabor. Bem aqui onde você me deixou da última vez. Onde costumávamos nos encontrar entre um gole e outro de café. Confesso que minhas mãos tremiam e suavam quando meu olhar penetrava no teu. Era gostoso. Nem mesmo eu e nem mesmo você tivemos piedade de metralharmos um ao outro. E nos completamos por alguns momentos assim. Com uma arma apontada entre os beijos. Pois saiba que continuo aqui. Continuo intacta. Continuo forte. Mais forte do que nunca. Mas minhas mãos tremem, e eu gostaria que você chegasse e fizesse-as parar de tremer. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Fica aí

 
 
Se dessa vez for amor, eu juro, não vou deixar o melhor pro fim. Então, ficaí. Sentado, com os braços cruzados, sem falar nada muito diferente ou contar sobre algum plano futuro. Só ficaí. Pode ser com aquela cara de brabo que inexplicavelmente me deixa com um puta tesão desgraçado. Ficaí sem pensar em nada, em ninguém, sem lembrar da infância na praia ou alguma ex-namorada ainda obcecadamente nostálgica pela sua cara de brabo.

Ficaí no meu sofá, bufando mais um pouco, dando oxigênio pra minha esperança. Ficaí e me pede qualquer coisa, água, meus pés pra caminhar, mais um pacote de doritos, um strip-tease, em casamento. Não dê conselhos. Não tenha recordações. Não queira ir em festas. Não assista futebol. Não pergunte as horas. Não crie teorias a respeito de nós. Não lembre do seu afilhado. Não pense sobre onde está indo isso. Não ligue pra sua mãe. Não fale dos seus medos. Não ame mais ninguém.

Ficaí, só ficaí, estacado, eternizado, cristalizado, como num coma induzido, talvez a única coisa capaz de te fazer diferente de todos aqueles outros homens da minha vida que faleceram e me deixaram enterrada em seus lugares.

Não sinta fome de nada, além de mim. Confia em mim, sem comida você dura vinte dias. Ficaí. Sem beber, você demora uns quatro dias pra morrer. Relaxa, ficaí, porque sem amar você pode durar a vida inteira sem ter valido a pena. Ficaí enquanto vejo uma maneira de não jogar pela janela todo tipo de amor que vem até mim tão fácil. Porque apesar da sua cara de brabo, você é tão fácil, tão leve, tão solto, tão tudo que eu sempre quis quando me agrarra pelo braço, me pega pelos quadris, mastiga todo meu corpo e cospe fora somente minhas mentiras, carências e toxinas.
Não quero usar aquelas frases de diário de colégio e dizer que o tiver de ser, será. Mas se tem uma coisa que não desejo de jeito algum é que um determinado dia, você demore um pouco e enrole antes de dizer que cansou de tudo, do meu sofá, do meu frango com gengibre, do meu jeito de não ficar satisfeita quando fico satisfeita, da permanência das minhas mudanças e diz que já vai indo, alimentando meu asco por últimos olhares em portas de elevador.

Da cozinha eu te vejo sério e minha bronquite já se manifesta contrária à ausência do hálito do seu papo calmo, curioso e um pouco engraçado, então fico pensando no que mais posso te oferecer pra você ficar aí. Burra, eu devia ter lotado meus armários antes de entregar mais uma vez minha dolorosa vontade de ser dois. Procuro um jeito de te manter descontraído morrendo de pânico que você só esteja distraído, misturando ausência com um tanto de curiosidade.

Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata. Você e seus cabelos escuros e sempre meio ensebados de vir da rua, seu abraço com cheiro de confiança e seus sorrisos nada comerciais. Eu, menina com os pés no chão e sem teto, acabei de decidir que vou levar um choque térmico, atravessando bruscamente pro lado quente da calçada. Conto contigo. Então, ficaí.

Gabito Nunes.