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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Algo sobre nós


Estamos quites. Penso eu.

Foi exatamente aquele jeito entre delicadeza e agressividade que me prendeu. Mas, ao contrário do que você pensa, eu não me rendi. Continuo intacto aqui, observando-a entre um gole e outro de café. Aqueles passos firmes e certos a que ela usa em seu caminhar, faz aguçar ainda mais a minha vontade de segui-la. Ela sabe. Eu gosto de estar a alguns passos atrás daquele belo traseiro. Não por isso, não por ele. Mas claro, dá um up no visual.
Então ela solta o rabo de cavalo e balança a cabeça, fazendo a cabeleira toda esvoaçar contra o vento. Eu gosto. A minha vontade, toda vez que ela faz isso, é colocar minha mão sob aqueles fios lisos e macios, e puxá-los, fazendo com que ela dê passos para trás, deixando seu corpo colar contra o meu. Mas não. Deixo-a caminhar com mais pressa, mais vontade de fugir de mim.
Deixo-a, pois sei que uma hora ela cansa desse drama todo. Então ela para. Espera eu chegar ao lado dela. Não vira, não me olha, continua andando. Ela espera eu falar alguma coisa, mas não falo. Já disse que não sou de me render, e também não sou desse tipo de cara que larga as cartas na mesa, entregando o jogo. Sim, sou estúpido do meu jeito. Mas aquela cretina gosta.
Continuamos nessa caminhada sem rumo. Um ao lado do outro. Silêncio. De repente ela para. Paro junto, para não perder o costume de estar ao lado de uma mulher pela qual me fisgou. Olho nos olhos dela, já que sei que nesses momentos ela costuma se arrepiar. Triste, mas, mais uma vez, ela me pede para parar de fazer aquilo com ela. E o que diabos eu faço? Me pergunto. Aquela doida sabe que não faço nada além de caminhar ao seu lado ou atrás. Nunca tento passar na frente. Ela sabe tão bem quanto qualquer pessoa que nos enxerga por fora. Aquela grosseria toda de quando ela fica irritada que, consigo traz um monte de xingamentos, me deixa atordoado. Enfureço por alguns segundos, mas é coisa do momento. Aprendi que com essa garota eu preciso é manter a minha calma.
Sim, ela poderia ter sido mais uma das garotinhas de um dia da minha vida. Porra! Por que diabos não foi? Gosta de ser uma maluca sequelada pela qual insistiu em ficar na minha vida. E quando ela faz birra, não tem nenhum pingo de noção da tentação que sinto em tê-la nos meus braços, só para mim...
Então ela pede para que eu pare, para que eu a deixe livre. Mas como? Eu nunca tentei a prender de nada, nunca cogitei sobre colocar regras e limites em seu caminho. Aí ela comenta algo do tipo “se você quiser continuar andando pelo mesmo caminho que eu, pelo menos que segure minha mão, para não mais soltar”. Mas pra que isso? Se sabemos qual a situação entre nós, não vejo motivo nenhum em ter que escangalhar para o mundo todo aquilo.
Ela berra, grita, resmunga, me enche de tapas, xingamentos, diz que não me quer mais em sua vida se não for do jeito dela. Eu não falo absolutamente nada, pois de todas as coisas que ela fala, recuando-se de mim, ela nunca citou nenhuma delas olhando em meus olhos. Sei que está mentindo. Por isso fico. Justamente porque gosto, e porque sei que ela gosta também.
Um pouco sobre nós. Um caminho confuso. Dois estranhos, dois abusados que acabaram se apaixonando no meio de um acidente. E já que somos tudo isso e mais um pouco, tenho certeza de que nessa nossa historia estamos quites, sobre qualquer coisa.

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