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sábado, 30 de julho de 2011

Dias imperfeitos


Estes em que o tudo parece tão pouco, e o nada começa a fazer sentido, onde os olhos podem alcançar a magnitude de algo tão complexo, tão imenso e, fazer com que a paisagem da imensidão pareça com algo pequeno, simples, diante de um olhar extravagante. O olhar da alma alcança o além do horizonte, fazendo cada centímetro transformar-se em poesia, em trilha sonora para aqueles que escondem dentro de si, corações amargurados e vontade de não mais viver a sua pequena rotina.
A poesia vira música, a música vira poesia e, nos dias imperfeitos tudo fica embalável como uma caixinha de bailarina. A bela melodia, a bela moldura, a bela silhueta. A silhueta que, conforme cada passo, cada tom, cada toque, enriquece mais. A dança perfeita para corpos perdidos no meio do nada e, antes que o nada vire o tudo, deixamo-nos embalar nesse grande parque de diversões dançante e vibrante, que carrega a aura do sentimento.
A música que carrega nossa alma por entre os portões da vida, arrasta-nos para o imaginário, o utópico, onde (quase) tudo é possível. A nossa dança compete com a nossa vida, o sabor da nossa vida tempera-se com sabor do brilho que cai do céu, a que apenas os olhos dos dias imperfeitos conseguem observar.
Muito desse brilho é escondido por debaixo de tapetes de nossa mente, para que ali, armazenados, fiquem de fácil acesso para quando, um dia entediante chegar, possuir um pouco de calor a que colhemos, com esforço e poesia.
Estes são os dias a que nos doamos para qualquer coisa, a que nossos corações apaixonam-se pelo novo, pelo diferente. Somos seres apaixonados, seres quentes, puros, meros covardes para cair na armadilha da imperfeição. Somos dançarinos, procuramos pelo sensual, pelo suave, nos completamos por uma hora, por um dia. Caso for mais do que isso, extrapolam-se os dias não perfeitos e renovam-se os dias de terror, a que tudo faz sentido, a que cada sorriso é verdadeiro e abençoado.
Agradeço por ter meus dias imperfeitos, para que eu possa me apaixonar por novas cores, novos sabores, novos aromas, novos “você”, e não achar nenhum sorriso verdadeiro mas sim, cruel, o olhar penetrante que arranca pedaços da minha alma. Apesar de minha alma ter vários buracos por conta de cada pedaço arrancado, ela continua dançando, cantando, poetizando e, agradeço a cada um que fizer de meu dia, tornar-se parte da imperfeição, pois essa, com toda a certeza é mais agradável e mais bem vivida.
 
King Crimson - People (Uma música e suas faces sobre e para nós)

2 comentários:

Frederico disse...

os dias imperfeitos servem de espelho para sabermos quais são os perfeitos

Fred disse...

Esses dias - imperfeitos - tb são necessários. Mas é só depois que a gente descobre... heheh! Bjz!

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